quarta-feira, 14 de maio de 2014

Texto por José Carlos Pereira (Escritor)

Aqui se expõem trabalhos, em pintura, de dois amigos, grandes artistas, bons companheiros de jornadas culturais, símbolos fraternos com as mãos que traçam a arte de ilustrar a vida, os sonhos, o amor e a humanidade no seu todo. É vê-lo, Arnaldo, a semear a esperança, nos caminhos íngremes dos presentes temporais da vida, com uma enorme saudade – a saudade do futuro, para o qual voa, caminha nas suas míticas maçãs, porque não são a maçã da Criação, mas os frutos que só ele consente para a sua vida, para a sua existência física e espiritual. Arnaldo Macedo luta e vai até ao cima da montanha do presente, para denunciá-lo, para dizer que há uma outra montanha acima, que é o futuro – quiçá reminiscência da infância, que não terá concretizado confortavelmente, mas quer voltar a ela o mais imediatamente possível, para realizá-la na sua plenitude. É vê-lo, também Adiasmachado, pintor de traço singular, o traço eleito, fino, suave, elegante, que é a mais bela forma que se exige à pintura, com a sustentável leveza com as que as suas personagens respiram na pele e nos fluidos dos sonhos. Adiasmachado é, para mim, um artista maior, superlativo, merecedor de uma atenção mais concreta, mais justa, porque é, nem mais nem menos, um artista empenhado, sapiente, meticuloso que, infelizmente, ainda não chegou à crítica dos meios culturais cosmopolitas. Quem conhece a sua obra, ao longo das suas três décadas de carreira, sabe que se tornou exímio; não há espaços em vão nos recreios das pinturas, tudo é movimento, cíclico e emergente de realidades para além do espaço da tela.

José Carlos Pereira (Escritor)

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